Arquivo de Abril, 2009

24
Abr
09

A música de 2009 até ao momento


The Drones – The Minotaur

Pago um copo a quem me mostrar uma música melhor do que esta, feita em 2009. “Havilah” é, provavelmente um, dos melhores álbuns rock deste ano e ainda a missa vai no adro no que toca a retrospectivas. Prestem atenção à letra. Estes “aussies” devem estar loucos!

Lyrics:

They come, they go
They never do not go
They come, they see
They conquer then they leave

With man-eating beliefs
Superior of death
With lineage and myth
And a half-heartedness at birth

I have the same old dream
About a tunnel by my bed
Where the stench of shit of minotaurs
Yawns like lewd and evil breath

But instinct and a map
Has set to work inside my head
Instead of shedding tears
I’ve learned to drink and piss instead

They come, they go
They never do not go
They come, they see
They conquer then they leave

I am in Rome
And i am going to the games
I see the gulf
And it’s going to
Bore my name into the

Green green grass
The catwalks of the past
My head is like an oven
As i rest it in my palms

We were just standing on the beach
When a bull rose from the surf
I said “show him the back door my dear
He’ll only paw the turf”

Three seasons came and went
Tracksuits found the dispossessed
My wife had other plans
And now a bastard surfs the web

There’s nothing she can do
He does not talk, he does not move
He spends all day looking at porn
Or playing fucking Halo 2

They come, they go
They never do not go
They come, they see
They conquer then they leave

I am in Rome
And i am going to the games
I am the last to find my seat
I’m standing at the gate

Intermission comes
Nerves are touched, and smokes are screened
It’s on a pack of cigarettes
Along with all our faults and memes and it says
Veni Vidi Vici

22
Abr
09

…e da costela do homem, o criador superou-se!


Ashley Judd

21
Abr
09

Primavera com cheiro a Verão

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Desculpem lá, pode ser em Barcelona, pode ser ser um pouco caro, podemos optar por concertos entre portas, mas o Primavera Sound é uma óptima proposta. Depois, quem consegue reunir à volta do mesmo festival, nomes tão inusitados como Sunno))), Aphex Twin, Sonic Youth, Dead Medow e Lightning Bolt merece todo o meu respeito. Anotem na agenda, 28 a 30 de Maio.

Artistas confirmados:
Neil Young · My Bloody Valentine · Sonic Youth · Aphex Twin · Bloc Party · Jarvis Cocker · Yo La Tengo · The Jayhawks · Spiritualized · Michael Nyman · Throwing Muses · Saint Etienne · The Jesus Lizard · Ghostface Killah · The New Year · Phoenix · Shellac · Joe Henry · Art Brut · A Certain Ratio · Liars · Squarepusher · Herman Dune · The Vaselines · Spectrum · Deerhunter · Sunn O))) performing “The Grimmrobe Demos” · Black Lips · The Horrors · Andrew Bird · The Bad Plus · Jay Reatard · Gang Gang Dance · Kimya Dawson · Lightning Bolt · Magnolia Electric Co. · Oneida · Th’ Faith Healers · DJ /rupture · Ariel Pink’s Haunted Graffiti · Jason Lytle from Grandaddy · The Pains Of Being Pure At Heart · Dj Yoda · El-P · Simian Mobile Disco · Michael Mayer · Dan Deacon Ensemble · Jeremy Jay · A-Trak · Rhythm & Sound (Mark Ernestus) feat. Tikiman · Jesu · The Mae Shi · Alela Diane · Shearwater · Kitty, Daisy & Lewis · The Drones · Bat For Lashes · The Soft Pack · Damien Jurado · Fucked Up · Chad VanGaalen · The Bats · Tokyo Sex Destruction featuring Gregg Foreman · Crystal Stilts · Reigning Sound · Dälek · Marnie Stern · Dead Meadow · Vivian Girls · Ponytail · Ezra Furman & the Harpoons · Ebony Bones · Wooden Shjips · Zu · Crystal Antlers · The Bug · Bowerbirds · Joe Crepúsculo y Los Destructores · Wavves · The Tallest Man On Earth · Tachenko · Agent Ribbons · Women · Uffie · John Maus · Magik Markers · The Extraordinaires · Stanley Brinks featuring Freschard & Ish Marquez · Angelo Spencer · Karl Blau · Plants & Animals · Extra Life · Mahjongg · Muletrain · Andy Votel · The Secret Society · Carsick Cars · Tim Burgess (The Charlatans) · La Bien Querida · The Intelligence · Sleepy Sun · Maika Makovski · Half Foot Outside · Zombie Zombie · Veracruz · The Right Ons · Los Punsetes · Klaus & Kinski · The Lions Constellation · Duchess Says · Mujeres · Elvira · Lemonade · Girls · The Disciplines · Dj Mehdi · Skatebärd · Extraperlo · King Automatic · Cuzo · Alondra Bentley · PAL · Sedaiós · Declan Allen & Barry Hogan djs (ATP) · Hola A Todo El Mundo · Brian Hunt · Dj Fra · Rosvita · QA’A · Dj Coco · Meneo · Oniric · Marc Piñol · Centella · Bélmez · Juan B · Dj Kosmos · Wio Leokadio · Joan Colomo · El Gremio · 20JazzFunkGreats dj · Chris “The Judge” Arthur dj · Merienda Cena · Gúdar · Daniel Devine (WaKS records) · Dr. Kiko

19
Abr
09

entre um horizonte e um pixel

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“Any guitar player worth his salt is basically a thug,” his lead singer, Iggy Pop, once said. “They test you with that thug mentality. They ride you to the edge.”

19
Abr
09

Ninguém merece!

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A reacção chegou aos escaparates. Imaginem que a cultura é um lindo prato de canapés recheados com molho bechamél. Pois bem, a contracultura é um pires de moelas ao lado de uma chouriça embedida em sangue pronta para assar. Ligeiramente diferente, mas como a minha mãe diz, há que comer de tudo. Apresento-vos o novíssimo blogue do Ilídio Marques, adepto confesso das coisas boas da vida, art rocker por vocação, revivalista por natureza (há quem diga que ele nasceu 50 anos mais tarde do que o previsto), destabilizador da ordem pública nos tempos livres e indivíduo que usa sempre os dois lados do rolo higiénico para economizar papel.
Há uns tempos ele manifestava-me a sua apreensão em ser agredido na rua, fruto da celeuma que iria provocar. Eu acalmei-o e respondi que sim, ele iria ser agredido mas por motivos diferentes. É que ninguém merece uma concorrência tão feroz na blogosfera.
Bem, chega de fazer de escovinha e toca a adicionar o Contra cultura nos favoritos.

19
Abr
09

Saga, coisas que gostava ter escrito

Uma das coisas que mais me diverte nas patacoadas e mitos de heróis beatos e histórias da carochinha, com príncipes encantados e lobos maus é a facilidade com que a população em geral alinha nessas construções sociais. E a consequente dificuldade em aceitarem que muitos vultos e estrelas elevadas ao altar são comuns mortais como nós. Comem, vomitam, choram e cagam como nós. E na senda faliciosa dessas vidas, nós preferimos idealizar à nossa maneira do que encaixar o choque que nos expõe à verdade. São os tais mitos urbanos que muitas vezes só servem para distrair. E que servem de publicidade para alguns beneficiários que se alimentam dessas estórias. Todos nós conhecemos, mil e uma lendas à volta do Ozzy, dos Mötley Crüe ou dos Zeppelin. Lendas que na nebulosidade da sua natureza nunca foram confirmadas. Pessoalmente sempre desconfiei das biografias autorizadas e tenho razões para tal.
Serve isto para eu babar num texto escrito à uns tempos por um iluminado devasso, de graça Tiago Galvão, que desmonta o conto de fadas a que foi votada a vida de um dos maiores ícones do século XX. Frank Sinatra, foi dono e senhor de uma das maiores vozes sempre. Mas era também um racista, um misógino, um boémio decadente. Adorei este texto que encontrei aqui, depois de alguma pesquisa na net. Deixo-vos, então, com o que interessa.

Sinatra e as mulheres.

41rszx5m2vl_ss500_1George Jacobs era escarumba, judeu, mordomo de Frank Sinatra e o último dos Rat Pack. Em Mr.S The Last Word On Frank Sinatra esmiúça os pormenores mais sórdidos da relação de Sinatra com JFK, a Máfia e sobretudo as mulheres: Ava Gardner, Kim Novak, Natalie Wood, Sophia Loren, Grace Kelly, Lauren Bacall, Marilyn Monroe, Mia Farrow, senhoras prostitutas, quecas e semi-estrelas. Joe Kennedy, pai de JFK, que torceu e apostou em Hitler durante a Segunda Guerra Mundial e era famoso por contar anedotas aos amigos (‘Sabes qual é a diferença entre uma pizza e um judeu? A pizza não chora a caminho do forno’), enriqueceu primeiro a vender álcool durante a proibição, depois com um estúdio em Hollywood e por último com o jogo, casinos e afins em parceria com a máfia que particionou a eleição do filho. Através de Sam Giancana (padrinho de Chicago), convidou Sinatra e os Rat Pack para a campanha de JFK, o que lhes valeu os votos de milhões e milhões de pré-hippies. Aliás, Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis, Jr. e companhia começaram por se chamar O Clan, mas isso era demasiado parecido com Ku Klux Klan e durante as eleições mudaram para Rat Pack. Se contarmos que no dia das eleições JFK ainda estava empatado com Nixon e que a máfia tinha pessoal espalhado por toda a América cuja especialidade era ‘falar com pessoas’, podemos dizer que Sinatra e a máfia puserem Jack Kennedy na Casa Branca. JFK e Sinatra estavam unidos pelo melhor amigo, Jack (Jack Daniels), e o ‘been there, fuck that’. Chegaram a partilhar Marilyn Monroe e Judy Campbell, uma Elizabeth Taylor menos atarracada e prostituta de Sinatra. Que preferia as profissionais (chegavam, viam, chupavam e iam embora sem fazer barulho) às amadoras (gostavam de falar depois do sexo sobre o ‘depois do sexo’ e Sinatra só tolerava ser acordado por um broche; seguia a filosofia ‘blow me or blow out’). Ava Gardner foi o grande amor de Frank Sinatra. Tinha tudo: pernas, cara, inteligência, sentido de humor, mamas que constituíam uma excepção às leis de Newton, e aqueles olhos de lince. Num mundo perfeito, Ava Gardner seria uma prostituta que eu poderia pagar. Durante duas décadas, mais de 10 anos após o divórcio, milhares de prostitutas (uma por noite, todas as noites), centenas de estrelas em ascensão através do broche, Lauren Bacall e Marilyn Monroe, Sinatra continuaria apaixonado por Ava. Todas as canções eram para ela. Tudo o que fazia, para a reconquistar ou esquecer. Se Humphrey Bogard era o seu ídolo e Puccini o seu compositor, Ava Gardner era a sua musa. Um antigo agente de Hollywood (Swifty Lazar) costumava dizer: ‘todos os falhados são porreiros porque têm tempo para ser porreiros’. E como Sinatra até quando estava em cima estava em baixo (e quando estava em baixo, estava mesmo em baixo), era a definição de um tipo porreiro, ou seja, um falhado, mas um belo falhado. Nunca jantava antes da 1:00. O pequeno-almoço não era a refeição mais importante do dia porque simplesmente não era refeição, nunca se levantava antes das duas e toda a comida era sintetizada à italiana. Gostava de largar piadas nos amigos arraçados: ‘O que é longo e duro num preto? A terceira classe’. Kim Novak, a primeira grande estrela depois de Ava, tinha as coxas demasiado abrutalhadas e perdeu-a para Sammy Davis Jr. que quase a perdeu para a própria vida quando esta o deixou. Descobriu Natalie Wood quando esta era (bem) menor. Mais tarde viria a casar com Chaplin e Roman Polanski, mas foi com Sinatra que teve ‘aulas de canto’. Andou com Sophia Loren, mas ainda amava Ava Gardner e ela era daquele tipo de mulher que queria ser sempre a número um. Grace Kelly escapou à primeira, enquanto faziam um filme juntos com Bing Crosby (um dos poucos homens que intimidava Sinatra), mas não à segunda. Quando descobriu que o seu mordomo e o príncipe do Mónaco, marido de Grace, se davam bem, costumava mandá-lo entreter o príncipe enquanto ele tirava o pó à prata do reino. Depois de Bogard morrer, Sinatra decidiu cuidar dos despojos e começou a sair com Lauren Bacall. Estiveram juntos um ano, mas também não deu certo. Tinha ciúmes de Ava, a quem Sinatra ligava todas as semanas e de quem tinha fotografias espalhadas pela casa. Acabou com ela pelo telefone. Marilyn Monroe amava-o, mas era uma porca suicida. Passava semanas com a mesma roupa, recusava-se a usar tampões quando vinha o demónio, menstruava-se na cama e emborcava soporíferos como se fossem pilas. Mia Farrow era uma Julia Roberts ainda mais avacalhada com peito à Kate Moss. Era uma Ava Gardner ao contrário, sem corpo, sem classe, sem sentido de humor, hippie e, como dizia Dean Martin, mais nova do que o seu Scotch. Mas deu em casamento. E como todos os casamentos, em divórcio. Ela queria ter filhos e isso, para Sinatra, era como uma sopa de minhocas para um germofóbico. Mas por causa de Farrow, também acabou a relação de duas décadas com o seu querido escarumba (como costumava tratá-lo) e leal amigo, George Jacobs, o mordomo. A sua última mulher foi Barbara Marx, casada com Zeppo Marx, o único dos irmãos Marx que não tinha piada. Esteve com ela desde 72 até à sua morte, em 98. Jacobs chegou a perguntar-lhe o que via nela: ‘Grace Kelly, quando fecho os olhos’. Quando se reencontraram, anos mais tarde, por breves segundos à porta de um hotel, Jacobs começou a chorar. Antes de o deixar, Sinatra pousou-lhe a mão no ombro: ‘Esquece isso, miúdo’. by Tiago Galvão.

17
Abr
09

Top musical, 2008

1- CULT OF LUNAcultoflunaeternalkingdom
Eternal Kingdom

Depois de uma obra-prima (Salvation) e de uma semi obra-prima (Somewhere along the highway) estes metaleiros suecos atingem o cume da montanha com o seu mais recente trabalho. E a minha pergunta é a seguinte: o que é que estes senhores tomam ao pequeno-almoço, anabolizantes sonoros? Eternal Kingdom é, na minha singela opinião, o ónus do post-metal. Um trabalho que irá ficar imortalizado no tempo ao lado de um “Times of Grace” ou de um “Panopticon”, para bons entendedores. Os Cult of Luna aproximam-se perigosamente da perfeição com mais este artefacto.
Faixas a destacar: Todas. Não mutilem este álbum.

2- TV ON THE RADIOcover-1
Dear Science

Meus caros, começo por dizer o seguinte, o David Bowie nunca se engana. Quando resolveu dar uma perninha em “Providence” mal sabia que estava a baptizar a fulgurante carreira dos Tv on the Radio. Dizer que estes rapazes fazem pop mastigável é ignorar o que de melhor saiu do underground pop. Dear science não chega a ser uma confirmação, é a beatificação de uma sonoridade que faz deles a melhor banda indie do momento. Falta tacto a muita pop/rock elevada aos céus pela imprensa especializada. Estes Nova-iorquinos depois de terem assaltado a vanguarda musical com “Return to Cookie Mountain” saiem-se com mais este caldo de cultura funk, soul, disco e rock. É preciso mais alguma coisa?
Faixas a destacar: Halfway home; Golden age; Family Tree.

3- BLACK MOUNTAINblack-mountain-in-the-future1
In the future

O revivalismo, quando bem feito, é a cena mais viciante e poderosa deste mundo pós-hippie. Só que esta capacidade apenas está ao alcance de muito poucos. A bem dizer, é o desafio de qualquer músico popular. O que é que é que se poderá fazer agora de verdadeiramente refrescante, que tipos como Neil Young, Led zeppelin ou Velvet Underground já não tenham feito? In the Future é muito esclarecido para ser sludge. É muito vagabundo para ser stoner. Tem uma sede de viver que o impede de ser old Doom. In the future é sim, a retrospectiva rock do século XX.
Faixas a destacar: Angels; Tyrants; Wucan.

4- EARTHearth_bees-made-honey-in-the-lions-skull
The bees made honey in the lion´s skull

A cadência hipnótica. A melodia a soltar-se do ritmo. A suave brisa do vento beijando a copa de uma árvore. Os Earth são a banda sonora da fuga para lado nenhum. O realismo físico do som a dar as mãos ao surrealismo psicológico dos ouvintes. Esquecemo-nos que estamos ali e contamos metricamente cada síncope, cada soluço daquele interlúdio infindável. “The bees made honey in the lion’s skull” é o escape a uma indústria cada vez mais descartável e superficial. E como é bom ter o Earth de volta.
Faixas a destacar: Engine of ruin; Omens and portents II; Rise to glory.

5- JAZZANOVAcover1
Of all the things

Of all the things ganha o prémio de disco mais solarengo e boa onda do ano. Quem esperava destes alemães aquelas estafadas e sensaboronas músicas à la café del mar pode tirar cavalinho da chuva. O que se respira aqui é soul com uma boa dose de acid jazz para o menino e para a menina. As participações vocais são excelentes, o bom gosto na fusão sonora é permanente e os Jazzanova voltam a surpreender com mais este registo. Sai um gelado para o lounge/downtempo!
Faixas a destacar: Let me show ya; I can see; Little bird.

6 – Gang Gang Dancetsr050
Saint Dymphna

Estes tipos são o futuro. Um meteorito caído no universo pop/rock com a difícil tarefa de o fundir a tendências tribais e dançáveis num afã que retrata bem as novas correntes indie. O recorte descritivo das tensões pluridisciplinares de uma Nova Iorque que nunca dorme. O percurso errático entre uns Animal Collective, Lcd Soundsystem e High Places. Gang Gang dance é o caminho. E uma das bandas do momento para o insuspeito “New York Times”.
Faixas a destacar: First Communion; House Jam; Princes.

7- BURSTburst_lazerus_bird_cover
Lazarus Bird

As portas estavam escancaradas para o que ouvimos neste segundo álbum dos Burst. Há já algum empo que o post-metal deixou de ser novidade começando, meritoriamente, a detonar os tops da especialidade. O que temos aqui é um conjunto de longas faixas em que o fio condutor deriva entre o progressivo, o ambiental e metal moderno (ou metalcore, chamem-lhe o que quiserem). Mastodon, Cult of Luna e The Ocean gravitam referencialmente neste segundo registo dos suecos que já me tinham surpreendido com o anterior álbum “Origo”. Burst é mais uma pérola a ter em conta na música, dita, experimental.
Faixas a destacar: I exterminate the I; We are dust; Nineteenhundred.

8- THE BUGbug-lz
London Zoo

Este trabalho é mais uma prova de fogo à maioridade desse vibrante subgénero musical que despontou em Londres. O Dubstep pode ser considerado como the next big thing da música electrónica, mas o projecto The Bug esquiva-se a esse unanimismo. O que ouvimos aqui equipara-se ao vesúvio a entrar em erupção num bunker londrino escolhido aleatoriamente. O ragga brota violentamente dos poros e entranha-se no sacrossanto dub para explodir quando menos se espera na pista de dança. Como já se disse por aí, uma audição a London Zoo é largar a cavilha e ficar com a granada na mão.
Faixas a destacar: Poison dart; Insane; Judgement.

9- BEACH HOUSE beachhouse_devotion

Devotion

Este é um disco que deposita toda a sua magia no tributo à canção. O que temos aqui, ao contrário de alguns álbuns que preenchem esta lista, é uma colecção de músicas. E este duo de Baltimore fá-lo com o maior requinte, entre composições lo fi e a dream pop melódica e angélica. Devotion não nos traz nada de novo, e isso também não interessa. São músicas para serem levadas no ipod, portáteis, prontas a serem ouvidas a qualquer altura. Em 2008 poucos fizeram melhor do que este Xanax em forma de CD.
Faixas a destacar: Gila; You came to me; D.A.R.L.I.N.G.

10 – Crystal Castlescastles
Crystal Castles

Sou bastante sincero, talvez na primeira audição do álbum homónimo desta dupla canadiana, as minhas impressões não fossem as melhores. Lá vinha outro devaneio elctropunk independente. Mas como dizia o Pessoa, primeiro estranha-se depois entranha-se. E na realidade a cacofonia que emana daqui não é só agradável, é completamente insana. Juntem uma consola Atari, a uma rapariga histericamente possuída e um dj que vai colocando mais achas para a fogueira e têm os Crystal Castles. Isto pode parecer muito simples mas não é. Cliquem no play, subwoofers ao máximo e entregam-se a esta terapia no mínimo louca.
Faixas a destacar: Crimewave; Air War; Knights.

11- NICK CAVE & THE BAD SEEDS – Dig Lazarus, Dig

12- DEOLINDA – Canção ao lado

13- PYRAMIDS – Pyramids

14- HERCULES & LOVE AFFAIR – Hercules and love affair

15- SUBROSA – Strega

16
Abr
09

Aquele post lamechas

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Uma troca de mensagens numa segunda feira à noite.

Zé Manel: Do centro de Varsóvia, os amigos Zé e Aga enviam muitos beijinhos e abraços. Até um dia destes.
M@F (eu): Um beijinho bom para a Agazinha e um abraço sentido para um amigo de uma vida. Já não se fazem pessoas como vocês. From Barcelos to Warsaw, with love!

15
Abr
09

aaahh, então é isto dubstep!

Dubstep é o nome do som que surgiu na região sul de Londres, por volta de 1999, como uma variação densa e instrumental do UK Garage. Na época, seus maiores representantes eram El-B e Zed Bias. No dubstep, o vazio e o silêncio são tão importantes quanto o barulho caótico dos seus arranjos pesados ou a imprevisibilidade da sua percussão quase assíncrona. Filho bastardo e mal-educado do Garage inglês, suas batidas quebradas com graves poderosos foram capazes de absorver diversas influências e criar algo realmente diferente. A inovação foi difundida através de rádios piratas – como a Rinse FM em Londres. Seus entusiastas escrevem blogs e participam em forums dedicados ao estilo. O croata Ivan Kovacevic é um deles: seu blog ficou tão famoso que agora abriga o forum mais significativo do gênero. – Roubado daqui.

E eu acrescento, é uma fusão maluca e alocinogénica de uma sonoridade que vai beber ao dub, grime, 2step, techno, ska, ragga, idm.
Fiquem agora com o documentário produzido pela “Collective”, magazine cultural interactiva da BBC, sobre a cena Londrina do estilo.

15
Abr
09

O criador de labirintos

Fundación Mítica de Buenos Aires

¿Y fue por este río de sueñera y barro
que las proas vinieron a fundarme la patria?
Irían a los tumbos los barquitos pintados
entre los camalotes de la corriente zaina.

Pensando bien la cosa, supondremos que el río
era azulejo entonces como oriundo del cielo
con su estrellita roja para marcar el sitio
en que ayunó Juan Díaz y los indios comieron.

Lo cierto es que mil hombres y otros mil arribaron
por un mar que tenía cinco lunas de anchura
y aún estaba poblado de sirenas y endriagos
y de piedras imanes que enloquecen a la brújula.

Prendieron unos ranchos trémulos en la costa,
durmieron extrañados. Dicen que en el Riachuelo,
pero son embelecos fraguados en el Boca.
Fue una manzana entera y en mi barrio: en Palermo

Una manzana entera pero en mitá del campo
presenciada de auroras y lluvias y sudestadas.
La manzana pareja que persiste en mi barrio:
Guatemala, Serrano, Paraguay, Gurruchaga.

Un almacén rosado como revés de naipe
brilló y en la trastienda conversaron un truco;
el almacén rosado floreció en un compadre,
ya patrón de la esquina, ya resentido y duro.

El primer organito salvaba el horizonte
con su achacoso porte, su habanera y su gringo.
El corralón seguro ya opinaba: YRIGOYEN,
algún piano mandaba tangos de Saborido.

Una cigarrería sahumó como una rosa
el desierto. La tarde se había ahondado en ayeres,
los hombres compartieron una pasado ilusorio.
Sólo faltó una cosa: la vereda de enfrente.

A mi se me hace cuento que empezó Buenos Aires:
La juzgo tan eterna como el agua y el aire.

Jorge Luis Borges, 1929

14
Abr
09

Uma instituição a renascer

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Daqui a uns meses o Porto vai-se tornar um sítio bem melhor para viver. Ou, pelo menos, para se passar um bom bocado. O Hard Club, mítica casa de expressão artística e cultural underground, vai renascer no apelativo Mercado Ferreira Borges depois de uma ausência de alguns anos. A entidade que deixou muitos indefectíveis em pânico depois do fecho no espaço de Vila Nova Gaia, traz consigo planos ambiciosos e um hype renovado como se pode notar pelo seu sítio na internet. Artes performativas e plásticas, música, cinema e actividades turísticas são algumas das propostas que serão desenvolvidas pelo projecto que aposta na internacionalização da marca e da sua envolvência regional e na democratização e ecletismo (bonitas palavras) dos vários públicos. E, porque não dizê-lo, na reformação de um carácter artístico muito particular a uma cidade que, de há uns tempos para cá, tem sido fortemente violentada por uma gestão libertina, irresponsável e grotesca das várias manifestações e pólos culturais.
A cultura somos nós. A cultura é a nossa identidade. É bom que algumas personalidades de fraque não se lembrem só disto em palanques, comícios e no calor dos holofotes. Para o pessoal do Hard Club desejo a maior sorte do Mundo. Grandes noites que lá passei e que ansiosamente espero voltar a repetir.

11
Abr
09

A vitória da política

Num país que antes de ser racista é rácico, Barack Obama é multirracial. Quem melhor do que ele para perceber as regras do jogo. A fobia concertada contra o Islão e a América dividida são terreno fértil para ele. Obama é um cidadão do Mundo. É um homem que sabe pensar e inferir sobre as dialécticas de hoje. Compreendeu que o único caminho para a paz é muitas vezes dar o braço a torcer em questões irrelevantes. Compreendeu os meandros do fenómeno mediático e jogou com ele. Tornou-se para muitos, a bomba de oxigénio de um mundo asfixiado por oito anos de desastrosas políticas bélicas, ambientais e cívicas. (Recomendo por isso a leitura do seu segundo livro, de uma sagacidade e inconformismo tais que lhe grangearam um número bastante simpático de detractores dentro e fora do partido.)
Não farei grande alarido panfletário à volta do selo de garantia Bush. Dispenso até. A turba já colhe a fruta podre dos senhores Wolfowitz, Greenspan, e Cheney para os mitigar de forma masoquista em mais um testemunho incendiário. Estas linhas servem propósitos mais nobres e optimistas. E falam de um país que converteu a sua herança segregacional e estrutura fragmentária a um léxico social de integração. Um país que eleva a competitividade, o trabalho e a meritocracia à razão da sua existência. Um país que apesar das disparidades de vária ordem soube valer a sua representatividade. Soube acompanhar o fluxo crítico a um mundo desregulado, optando por uma verdadeira alternativa. Obama conseguiu corporizar essa alternativa.
Os sobas deste confuso mundo – Chávez e Ahmadinejād – desvalorizarão a mudança pois não lhes interessa nem uma América forte, nem um novo paradigma de relações internacionais. Os nativos que respondem a uma miríade de credos, não o hão-de imaginar como um anjo alado do contra-apocalipse Bush, mas sim como uma dádiva terrena da gloriosa democracia Americana. Para a Velha Europa, sempre disposta à canonização do pacifista anunciado, historicamente socialista e liberal de costumes que se debruçe na cooperação multilateralista e nos seus próprios problemas. As questiúnculas do salvador bíblico e do restabelecimento da normalidade (seja lá o que isso for) não apagam essa “audácia da esperança”, mas seria um lamentável tiro no pé concentrar as expectativas e desafios de um mundo livre, num só homem. A Europa precisa de líderes na real acepção da palavra. Pensadores e intelectuais que não adormeçam sobre o topete ocidentalista da superioridade cultural. E isto é muito mais importante do que parece.
Quanto a mim, irremediável céptico e ateu militante, a eleição do 44º presidente dos EUA representa muito mais do que isso. Representa a superação individual “ad hominem”, uma liberdade e desafio radical à condição conservadora do homem, dito pós-moderno. Representa a vitória da política sobre o circo. Mais, pornograficamente política. Não espero, nem sequer idealizo, respostas que ele não possa dar. Sou da opinião que a verdadeira mudança vai ser feita indoors. Não consigo alinhar além disso, na ladaínha peregrina do islâmico como “bom inocente” nem da negação do terrorismo como flagelo do novo século. Acho isso de uma hipocrisia total. Uma cultura que trata com tal misoginia as suas mulheres e que apela a uma religião violenta, não merece tal colagem. A abordagem diplomática terá de surtir efeito. Por outro lado, será irónico considerar que o mesmo terror e medo causado pela, então, administração republicana tenham sido o dínamo da campanha democrata e da afirmação do mestiço no seu «Change, We can». Só os mais distraídos e mal-intencionados poderão confundir as consequências e idiossincrasias que daí advieram, fazendo-as passar por oportunismo político. Não foi Obama o único implusionador de tudo isto. Foram os Estados Unidos que o expressaram nas urnas. Por isso e por muito mais, arrisco dizer que Obama foi o que de melhor aconteceu na política dos últimos 50, turbulentos e icnolastas, anos. Que venham daí esses quatro anos.

11
Abr
09

…e da costela do homem, o criador superou-se!

Ava Gardner

10
Abr
09

O Rock devia ser todo assim

Avatar

Comets on Fire – Avatar
Sub Pop

Rock. Não existe outra palavra com mais probabilidades de passar pela cabeça de quem ouça Avatar com boa fé, e isto poderia ser facilmente provado com estatísticas. Os outros resultados possíveis seriam uma lista de palavrões que agora não vale a pena referir – todos eles ditos de forma elogiosa, claro está. Ok, caralho e filho-da-puta seriam algumas dessas palavras. Menos lo fi do que nunca, mas mesmo assim intenso e directo, o ultimo disco dos Comets on Fire é uma bomba prestes a explodir a qualquer momento. Que o diga quem assistiu aos concertos da banda no Porto e em Lisboa – com um Ben Chasny em delírio. Se o rock fosse todo assim 21586 bandas estariam no desemprego – elas sabem quem são. Avatar parece querer afirmar que se os Comets on Fire decidirem lançar outro disco no próximo ano a coisa deverá ocupar assim um espaço parecido com este (2ºlugar no top 2006, do bodyspace), dentro de 12 meses. Cá os esperamos. by André Gomes

09
Abr
09

O velho mestre sai de cena

Este filme é lindo. Adjectivá-lo seria reduzir um pedaço de arte a um amontoado de palavras. Clint Eastwood é o rei Midas do cinema de autor, transforma em ouro tudo o que toca. Diálogos impressionantes com actores não-profissionais, uma história que poderia ser uma de tantas outras na américa dos ex-veteranos de guerra. Retratada com uma honestidade desarmante, sem manobras de diversão. Uma obra-prima sobre o sacrifício e a redenção humana. Uma ode a Charles Dickens em 9mm. O últime filme do velho Clint à frente das câmaras.
Não me lembro se chorei ao vê-lo mas de uma coisa tenho a certeza. É nestes filmes que eu gosto de chorar

09
Abr
09

A nove polegadas de PdC

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Penso que é desta que me vou reconciliar com Paredes de Coura. Desde os Queens of the stone – quando eles eram a melhor banda do mundo, lembram-se? – que nenhum anúncio festivaleiro me deixava tão excitado. Conseguiram trazer uma das três bandas que me fariam galgar quilómetros para as ver – as outras são os Morphine e os Kyuss que, como sabemos, jazem em paz. Os Nine Inch Nails foram responsáveis por muita da minha melomania e da minha psicopatia funcional. Foram talvez o meu primeiro contacto com aquele tipo de música que nos ultrapassa, nos deixa atónitos, nos deixa boquiabertos e a pensar: “Foda-se, é possível fazer música desta!”. Uma música que se assemelha bastante a uma rapariga de peitos volumosos e olhos de lince que passa por nós na rua e nos deixa um bilhete com o número no bolso do casaco, passe o paralelismo. Mesmo que não queiramos a carne é fraca, minha gente. Mas também, quem ouve o “Pretty Hate Machine” ou o “The Downward Spiral”, está à espera do quê?
E depois, Trent Reznor é o melhor músico da sua geração. Simplesmente e sem permissão para discordâncias. Um tipo que nasceu numa zona rural dos States sem acesso a qualquer movimento cultural, que se afogou em drogas e que tentou a pulso criar algo diferente daquilo que eram os pressupostos sonoros da época, foi responsável pelas letras mais empolgantes e polémicas dos anos 90. Criou sozinho uma instituição que foi vítima, causa e consequência da sua própria popularidade. Quem faz o “that’s what i get” devia estar prevenido da fúria que ia causar nas castas mais puritanas do Rock’n’Roll. Quem canta “God is dead, and no one cares, if there is an hell, I’ll see you there”, a plenos pulmões, não está propriamente à espera de cativar os cordeirinhos do Senhor. O ateísmo militante do senhor prolongou-se pela “closer” – num dos videoclips históricos de Mark Romanek – e transmutou-se num activismo político anti-Bush, no álbum “Year Zero”. Experimentem ouvir uma “Capitol G” e ficam esclarecidos acerca daquilo que o Trent pensa da realidade política dos EUA. Por isto e por muitos mais, razões não faltam para os receber de braços abertos em Paredes, no Verão. Sem Josh Freese nem Twiggy Ramirez é certo. Mas concerteza com uma vontade inapelável de rebentar algumas consciências e tímpanos. Estiveram no ano passado no Atlântico, mas isto aqui é outra história. Eu já programei o meu countdown.

09
Abr
09

Uma opinião sobre o país ou um país sem opinião

É sempre complicada a tarefa de tecer considerações sobre alguma coisa ou alguém. Ainda por cima num país que só começou a valorizar esta nobre arte cívica há pouco mais de 30 anos. São como areias movediças que nos vão sugando lentamente à medida que escrevemos, que arriscamos, que pensamos. Porque obriga-nos a ser coerentes, justos e isentos. Porque estamos mais expostos ao erro. Porque não lhe podemos virar a cara. Juntem à receita a aversão endógena que as corporações, sindicatos e os poderosos deste país têm por este luxo. Os portugueses não lidam bem com a crítica ou simplesmente com as clivagens de opinião. Não gostam dela, não a valorizam. Chegam ao ponto de a obliterar num estado de direito. Mas, pergunto-me, porque razão isto acontece? Será falta de chá? Tenho uma teoria para isso. O português não preza a liberdade de expressão porque prefere ser dono da razão a contribuir para a discussão pública. São alérgicos ao confronto de ideias e esmagam com presunção e grosseria qualquer argumentário desviante. Uma escola que provém de séculos de ausência de responsabilidade social, de iniciativa individual e do persistente mendigar ao estado. Uma história triste com raízes no Estado Novo. Para quê estar a contribuir com migalhas quando podemos estar junto da família das patacas. Porque se submetem muitos homens livres e “independentes” (rica palavra que se inventou) a esta maçada do contraditório quando se podem juntar aos autómatos atraídos pelo magnetismo do pensamento único. Na verdade, é muito mais fácil abstermo-nos de questionar, de verberar por melhores condições a diferentes níveis quando quem manda recomenda silêncio a quem deve obedecer. Quando os patronos do regime utilizam estratégias de atemorização e fazem de órgãos de comunicação social alvo em congressos. Foi isso que fizeram Hitler e Estaline. É isso que fazem Hugo Chávez e José Eduardo dos Santos. Esta evidência vai-se reflectindo nos mais variados espaços da opinião pública: das tribunas e jornais até às mais insignificantes caixas de comentários blogosféricos. Não admira que José Saramago tenha apelado para uma maior educação para a tolerância. Ela escasseia e vai se esfumando. Talvez, quando eu acordar num país onde um primeiro-ministro não se menospreze por uma metáfora com a Cicciolina em plena crise ideológica, social e financeira, talvez eu aí mude de ideias.

Conto-vos uma pequena história. Um cronista da nossa praça resolveu manifestar a sua solidariedade por um conhecido deputado da nação que foi envolvido num caso de escândalo sexual e posteriormente absolvido por um tribunal de todas as acusações que lhe foram feitas. Crendo (apesar de todas as suspeições e críticas) na soberania do poder judicial deste país, o caso não daria pano para mangas, pensei eu. Pois bem, esse dito post e a dignidade do seu autor foram arrasadas pelas acusações mais obscenas e grosseiras de que me lembro, por gente que insiste em fazer justiça pelas próprias mãos. Pelo meio resolvi mandar a minha estocada e fui envolvido no remoinho de insultos pelos mesmos selvagens. Resultado: o blogger decidiu encerrar a caixa de comentários (como não poderia deixar de ser) para salvaguardar a decência da casa. Tudo isto se passou aqui. Façam a interpretação que quiserem.

P.S: Desde já vos aviso, não serei tão irredutível como o União de Facto mas decidi não aceitar comentários dessa natureza daqui para a frente. Depois não se queixem de censura.

P.S.2: Termino com a publicação do texto que anda nas bocas do mundo. João Miguel Tavares, colunista do DN escreveu isto e arcou com as consequências. Descubram se a imagem apresentada é assim tão diferente da realidade.

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07
Abr
09

“Não me mandem cuecas para o palco, eu não sou o Tony Carreira”

greenwindows1Porquê enveredar agora, um momento tão ténue e fugaz como qualquer outro, num tributo a José Albano Salter Cid de Ferreira Tavares e ao seu legado. Porque sim. Porque o Cid para muita gente não é só a mãe do rock português, é também a reminiscência infantil da mítica pasta de chocolate “Galak” (aquela de chocolate branco com um golfinho no rótulo). Quem é que nunca deu por si, qual grávida sequiosa, com súbitas vontades de voltar a degustar um quadrado “Galak”, 2 ou 3 anos depois. Escrever sobre o José Cid é, em traços largos, a mesmíssima e estranha experiência de um deja vu de algo que nunca se fez, num lugar onde nunca se esteve mas que guardamos com especial ternura. E aí, entra a parte do chocolate. Seja lá o que isso for.

“A nova geração tem de descobrir qual é o seu dinossauro. Todos os países têm o seu dinossauro. Os franceses têm o Johnny Halliday, os espanhóis o Miguel Rios. Ambos são uma porcaria ao pé de mim. Sou infinitamente melhor do que eles e tenho uma melhor estética.” in Pública, 2003

“O último álbum da Madonna é um cagalhão.”, em entrevista à Rádio Comercial, 2006

“Uma vez perguntaram-me se eu era um cantor romântico… eu raramente sou um cantor romântico, os cantores românticos tem mau hálito e pila pequena.”, in Aveiro – Festa de São Gonçalinho, 2007

Os (quarteto) 1111 foram provavelmente a melhor banda da europa continental da sua geração.” in Programa do alvim, Sic Radical.

 “Usem e abusem de mim. Estou cá, canto e bem ao vivo. Façam de mim o que quiserem. Estou com uma grande voz.” in Pública, 2003

 

“Se Elton John tivesse nascido na Chamusca, não teria tido tanto êxito como eu.” in Pública, 2003

Existem momentos deliciosos na carreira de José Cid. Da vetusta figura matricial do rock português com os seminais quarteto 1111 e nas suas incursões progressivas a solo, todos têm o maior respeitinho e reverência. Mas se falarmos nos mega-êxitos “como o macaco gosta da banana”, ou “favas com chouriço” juntamente com aquele freudiano episódeo do disco de ouro a tapar-lhe os genitais, os arautos da música portuguesa empinam o nariz e descem do trono para o julgar e classificar como uma piada. Meus caros, lamento desiludi-los, mas José Cid é uma e só pessoa e não sofre de dupla personalidade. Foi sempre um outsider, uma personagem à margem da indústria e do sistema. Um lutador que sempre se bateu pela internacionalização da música portuguesa desde que idealizou os Green Windows . Ninguém quis saber dele… e a Ruth Marlene e a Mónica Sintra fizeram o resto. Passados tantos anos, certas mentes luminosas se aperceberam que ele tinha feito um marco nos anos 70, “o 10,000 mil anos depois entre vénus e marte”, um dos melhores álbuns de sempre na linha rock progressivo… e o mito voltou. Voltou para animar semanas académicas e festas juvenis, para ser aquilo que sempre quis ser. Um eterno rebelde. Obrigado Cid.

07
Abr
09

O que eu ando a ler…

How liberals lost their way.

How liberals lost their way.

[Texto da contracapa]
Nick Cohen vem da esquerda. à medida que crescia, a mãe escrutinava as prateleiras do supermercado em busca do sumo de limão politicamente correcto. Quando, aos 13 anos, descobriu que a sua querida e atenciosa professora de Inglês votava nos Conservadores, quase caiu da cadeira: “Para se ser bom, tinha que se ser de esquerda.”

07
Abr
09

Terramoto com o epicentro no Passos Manuel

Verdadeiramente extasiante. A cadência repetitiva de várias linhas sonoras que se entrenhavam no espírito. Uma persistência disciplinada em arrastar e maximizar a canção. Aquela canção demorada, improvisada, visceral. A viagem por Seattle, a passagem pelo Midwest, até à aterragem final no Porto. A evolução criativa de quatro personagens apaixonantes que saboreiam cada nota que tocam. A devoção total dos seus fieis discípulos que ululavam por mais. Um ambiente etéreo, de uma expressividade musical em bruto. Ficaram-se pela meia noite e aquele silêncio tornou-se ensurdecedor. A viagem de regresso – ou a extensão da viagem – levitou uma atmosfera hipnótica, consumida pelo drone.

Os Earth vieram à Invicta no passado dia 31 de Março… e eu estive lá! Fiquem com a “nova” deles.




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