1- CULT OF LUNA
Eternal Kingdom
Depois de uma obra-prima (Salvation) e de uma semi obra-prima (Somewhere along the highway) estes metaleiros suecos atingem o cume da montanha com o seu mais recente trabalho. E a minha pergunta é a seguinte: o que é que estes senhores tomam ao pequeno-almoço, anabolizantes sonoros? Eternal Kingdom é, na minha singela opinião, o ónus do post-metal. Um trabalho que irá ficar imortalizado no tempo ao lado de um “Times of Grace” ou de um “Panopticon”, para bons entendedores. Os Cult of Luna aproximam-se perigosamente da perfeição com mais este artefacto.
Faixas a destacar: Todas. Não mutilem este álbum.
2- TV ON THE RADIO
Dear Science
Meus caros, começo por dizer o seguinte, o David Bowie nunca se engana. Quando resolveu dar uma perninha em “Providence” mal sabia que estava a baptizar a fulgurante carreira dos Tv on the Radio. Dizer que estes rapazes fazem pop mastigável é ignorar o que de melhor saiu do underground pop. Dear science não chega a ser uma confirmação, é a beatificação de uma sonoridade que faz deles a melhor banda indie do momento. Falta tacto a muita pop/rock elevada aos céus pela imprensa especializada. Estes Nova-iorquinos depois de terem assaltado a vanguarda musical com “Return to Cookie Mountain” saiem-se com mais este caldo de cultura funk, soul, disco e rock. É preciso mais alguma coisa?
Faixas a destacar: Halfway home; Golden age; Family Tree.
3- BLACK MOUNTAIN
In the future
O revivalismo, quando bem feito, é a cena mais viciante e poderosa deste mundo pós-hippie. Só que esta capacidade apenas está ao alcance de muito poucos. A bem dizer, é o desafio de qualquer músico popular. O que é que é que se poderá fazer agora de verdadeiramente refrescante, que tipos como Neil Young, Led zeppelin ou Velvet Underground já não tenham feito? In the Future é muito esclarecido para ser sludge. É muito vagabundo para ser stoner. Tem uma sede de viver que o impede de ser old Doom. In the future é sim, a retrospectiva rock do século XX.
Faixas a destacar: Angels; Tyrants; Wucan.
4- EARTH
The bees made honey in the lion´s skull
A cadência hipnótica. A melodia a soltar-se do ritmo. A suave brisa do vento beijando a copa de uma árvore. Os Earth são a banda sonora da fuga para lado nenhum. O realismo físico do som a dar as mãos ao surrealismo psicológico dos ouvintes. Esquecemo-nos que estamos ali e contamos metricamente cada síncope, cada soluço daquele interlúdio infindável. “The bees made honey in the lion’s skull” é o escape a uma indústria cada vez mais descartável e superficial. E como é bom ter o Earth de volta.
Faixas a destacar: Engine of ruin; Omens and portents II; Rise to glory.
5- JAZZANOVA
Of all the things
Of all the things ganha o prémio de disco mais solarengo e boa onda do ano. Quem esperava destes alemães aquelas estafadas e sensaboronas músicas à la café del mar pode tirar cavalinho da chuva. O que se respira aqui é soul com uma boa dose de acid jazz para o menino e para a menina. As participações vocais são excelentes, o bom gosto na fusão sonora é permanente e os Jazzanova voltam a surpreender com mais este registo. Sai um gelado para o lounge/downtempo!
Faixas a destacar: Let me show ya; I can see; Little bird.
6 – Gang Gang Dance
Saint Dymphna
Estes tipos são o futuro. Um meteorito caído no universo pop/rock com a difícil tarefa de o fundir a tendências tribais e dançáveis num afã que retrata bem as novas correntes indie. O recorte descritivo das tensões pluridisciplinares de uma Nova Iorque que nunca dorme. O percurso errático entre uns Animal Collective, Lcd Soundsystem e High Places. Gang Gang dance é o caminho. E uma das bandas do momento para o insuspeito “New York Times”.
Faixas a destacar: First Communion; House Jam; Princes.
7- BURST
Lazarus Bird
As portas estavam escancaradas para o que ouvimos neste segundo álbum dos Burst. Há já algum empo que o post-metal deixou de ser novidade começando, meritoriamente, a detonar os tops da especialidade. O que temos aqui é um conjunto de longas faixas em que o fio condutor deriva entre o progressivo, o ambiental e metal moderno (ou metalcore, chamem-lhe o que quiserem). Mastodon, Cult of Luna e The Ocean gravitam referencialmente neste segundo registo dos suecos que já me tinham surpreendido com o anterior álbum “Origo”. Burst é mais uma pérola a ter em conta na música, dita, experimental.
Faixas a destacar: I exterminate the I; We are dust; Nineteenhundred.
8- THE BUG
London Zoo
Este trabalho é mais uma prova de fogo à maioridade desse vibrante subgénero musical que despontou em Londres. O Dubstep pode ser considerado como the next big thing da música electrónica, mas o projecto The Bug esquiva-se a esse unanimismo. O que ouvimos aqui equipara-se ao vesúvio a entrar em erupção num bunker londrino escolhido aleatoriamente. O ragga brota violentamente dos poros e entranha-se no sacrossanto dub para explodir quando menos se espera na pista de dança. Como já se disse por aí, uma audição a London Zoo é largar a cavilha e ficar com a granada na mão.
Faixas a destacar: Poison dart; Insane; Judgement.
9- BEACH HOUSE
Devotion
Este é um disco que deposita toda a sua magia no tributo à canção. O que temos aqui, ao contrário de alguns álbuns que preenchem esta lista, é uma colecção de músicas. E este duo de Baltimore fá-lo com o maior requinte, entre composições lo fi e a dream pop melódica e angélica. Devotion não nos traz nada de novo, e isso também não interessa. São músicas para serem levadas no ipod, portáteis, prontas a serem ouvidas a qualquer altura. Em 2008 poucos fizeram melhor do que este Xanax em forma de CD.
Faixas a destacar: Gila; You came to me; D.A.R.L.I.N.G.
10 – Crystal Castles
Crystal Castles
Sou bastante sincero, talvez na primeira audição do álbum homónimo desta dupla canadiana, as minhas impressões não fossem as melhores. Lá vinha outro devaneio elctropunk independente. Mas como dizia o Pessoa, primeiro estranha-se depois entranha-se. E na realidade a cacofonia que emana daqui não é só agradável, é completamente insana. Juntem uma consola Atari, a uma rapariga histericamente possuída e um dj que vai colocando mais achas para a fogueira e têm os Crystal Castles. Isto pode parecer muito simples mas não é. Cliquem no play, subwoofers ao máximo e entregam-se a esta terapia no mínimo louca.
Faixas a destacar: Crimewave; Air War; Knights.
11- NICK CAVE & THE BAD SEEDS – Dig Lazarus, Dig
12- DEOLINDA – Canção ao lado
13- PYRAMIDS – Pyramids
14- HERCULES & LOVE AFFAIR – Hercules and love affair
15- SUBROSA – Strega
Comentários Recentes